Quem sou eu

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Catanduvas, Santa Catarina, Brazil
Alguém... Nem tão complicada, nem tão simples. Alguém... Que adora ficar acordada na madrugada, que acompanha séries de TV, que cantarola qualquer coisa o dia todo, que não pode ver chocolate sem comê-lo, que ama o som da chuva, que sonha correr nas campinas da Itália, que se irrita com internet lenta. Alguém... Que gosta das coisas simples da vida como olhar uma criança brincar, ver as folhas das árvores cair, as nuvens criarem figuras, sentir nos pés a água gelada de um rio, que gostaria de ver um cometa ou uma estrela cadente, como chamamos. Alguém... Que faz as outras pessoas rirem, e muito, talvez pelo jeito estabanado de ser, pelas caretas esquisitas e pelas perguntas em horas impróprias. Alguém... Que agora toma emprestada as palavras inteligentes de Raul “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.

domingo, 28 de abril de 2019

Start again


Se a gente soubesse o que vem depois,
seria menos angustiante fazer escolhas.
Mas se a gente não tivesse que fazer escolhas,
também não faria sentido viver.
Dúvidas, dúvidas que me matam e que me renovam,
me reestruturam e me fazem crescer.
Mas, antes tenho que diminuir, subtrair, mergulhar e submergir.
Sentir.
Sair.
Sorrir.

domingo, 28 de janeiro de 2018

O que um silencio quer dizer




Talvez um dia eu descubra que o mesmo tempo que eu fiquei tentando esquecê-lo, o trabalho dele tenha sido o mesmo. Talvez um dia nós entendamos que apenas estávamos machucados de mais para poder ficar perto um do outro e, talvez nós descubramos que o único jeito de nos compensarmos destes dias solitários é estando juntos. Aos poucos, poderíamos falar todas as frases nunca ditas e dar todos os tipos de abraços pensados. Diríamos: “Desculpe por eu não estar presente naquele momento”. Os anos passariam e, antes que o tempo acabasse para os dois, olharíamos nos olhos um do outro e teríamos um insight de um velha lembrança comum, de um dia bom, apenas um sorriso com uma lágrima de saudade sairia dos nossos olhos. Agora não é mais necessário dizer “eu amo você” porque certas coisas, simplesmente, não precisam ser ditas.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A história sem fim

Eu queria escrever uma história feliz, mas na verdade eu não sei como essa história acaba e... também, eu não queria ter um fim pra escrever tão logo.
Talvez seja essa a graça de se viver histórias, justamente porque não se sabe o que vem depois. Só se vive e se espera. Se espera do modo esperançar, se acredita e até se credita em coisas. E se sonha, ah... como se sonha, porque aí sim o mundo parece perfeito. E é! É porque o mundo organiza as coisas e as pessoas, e nele tem lugar para tudo.
Mas aí vem o senhor tempo que pode ser benevolente ou ultra violento, sagaz, fugaz, e se pode deixar apenas marinar, não se apressar, deixar rolar. Por que tem coisa que a pressa não deixa ver, a beleza, é exemplo.
Ah, sim, a beleza que fora cortejada pelos gregos continua presente, mas cada um vê a seu modo. Não tem mais padrão.
Porque temos olhos, olhos de olhar a vida, de ver o mundo, de enxergar coisas que as vezes não são vistas por outrem.

E por fim temos um coração, que atropela tudo aquilo que eu disse antes (a história, o tempo, os olhos...) simplesmente porque ele não pede permissão para fazer aquilo que tem certeza que nasceu pra fazer: SENTIR, e só... sentir, sem ponto final

sábado, 19 de abril de 2014

Passatempo

Palavras saltitantes
Que ressurgem e renascem
Mexe daqui, mexe dali e daqui a pouco se acha
Parece brincadeira
Mas precisa ser levada a sério
Às vezes dá tristeza
E parece misteriosa
Às vezes se olha e se descobre:
-Óh, como pude não perceber antes?
Daí vem uma alegria
Alegria de criança
Da pura descoberta
E no fim é muito legal
Essa coisa muito ousada
Que é a palavra cruzada!


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Transparência

Olhou ao seu redor e pensou.

E por estar no lugar errado, no dia errado, ela não disse nada. E tudo aquilo ficou guardado para um momento posterior que lhe estava custando o fígado e junto com ele todo o sistema nervoso, porque ele estava inteiramente nervoso.
E ficou ali, jogada, tentando ser indiferente, mas por dentro queria ser transparente.
O barulho não a incomodava, o que a incomodava era a presença, e ela estava dividida tentando avaliar qual das presenças lhe desagradava mais, se a dela mesma ou a dos outros que ali estavam.
Não era normal um sentimento desses, ainda mais para ela que sempre lidava com situações inusitadas, pessoas estraçalhadas e mais um monte disso tudo. Mas neste dia ela percebeu que alguma coisa dentro dela havia mudado, pra pior, infelizmente, e foi duro admitir isso a si. Sim, porque ela estava sentindo o peso da fraqueza que a tomava. E queria revidar.
E assim, reafirmou a si: a solução seria ser transparente.
Transparente é um termo dual. E ela era transparente, de alguma forma.
Ela era transparente porque permitia que a olhassem dentro dos olhos e descobrissem o que se passava, era transparente porque condizia com o que lhe acontecia, não disfarçava, não se escondia.
Mas a transparência não pode ser entendida por pessoas não transparentes.
Assim, ela almejava ser transparente de outra forma, daquela forma invisível, queria poder passar despercebida no local onde estava, queria não estar ali.

Mas estava.

Lembrou-se, então, daquele discurso de Veríssimo sobre defenestração. Defenestrar-se seria uma boa opção. Não saiu do lugar, no entanto, escolheu outra forma de acabar com momento, e no silêncio, partiu para um pleonasmo conveniente e “se auto suicidou-se a si mesmo”. Cometeu o crime de comprometer seu fígado ao não descanso e a queimar em amargura e ansiedade até ela mesma ter que levantar da cadeira e beber um gole de água.


Depois, deixou de olhar ao redor e de pensar. (No que fosse possível).

domingo, 27 de outubro de 2013

In memorian...

Memórias são sempre oportunas seja pra lembrar-se das coisas que precisa repetir ou daquelas que você jamais poderia viver de novo. A memória nos é interessante, pois pode nos dar suas formas sempre que precisarmos. Ela é arremessada à frente dos nossos olhos e se dissipa num piscar.
...
Senti um rebobinar de lembranças que iam se desdobrando e tornando pra uma caixa onde eu as guardei. Sim, eu as guardei porque elas ainda eram boas, eu somente não poderia usá-las neste momento e nos próximos que viriam, por um tempo.
Do avião de papel e da flor amassadinha...
Do abraço e daquele beijinho...
Das mãos juntinhas dentro do bolso...
De uma cabeça baixa e de um beijo na testa...
De estórias sobre fuscas...
De duas pessoas debaixo de uma sombrinha e de uma crise de riso...
Do desespero e do desapego...
Da vontade reprimida e do pensamento perigosamente perseguidor...
De ter que desviar...
De estar perto e sentir tão longe...
De te ver ir e te querer voltar...
De uma péssima verdade...
De dois caminhos que se separam...
De duas pessoas que se afastam sem querer, mas por não poder.

Porque a luta cansa e a perseverança morreu e matou a menina dos olhos daquele nosso último olhar.
E se desfez num mar de desesperança, de uma opção de não se tentar e de não querer errar, outra vez, mais uma vez. Sobre o que poderia incertamente ser acerto ou acertado, em algum momento.

E se desfez na fantasia de um mundo, que não é esse, como a história de uma bailarina e de um soldado de chumbo. 

sábado, 27 de julho de 2013

Conto de pegar no sono / Amanhecerá

Minha consciência já estava quase me abandonando, mas eu podia sentir cada poro da minha pele se enrijecer com o frio. Senti longas dores quando deitei na cama, mas eu tinha pressa de poder esconder minha cabeça e não ouvir som nenhum.
Enquanto a dor de cabeça corrói meus nervos e a garganta dificulta a passagem da saliva e as costas gritam por equilíbrio e os joelhos choram por não quererem existir, os olhos se sentem cansados e pesados e pedem para que o sono chegue logo e acabe com tudo isso.
Era estranha a sensação de querer sumir. As dores se demoram e continuam. A consciência força a apagar.
De repente... o silêncio faz-se ouvir e o corpo amolece e amortece e já não quer mais sair do lugar.
Os olhos pesam ainda mais e parece-se não estar em lugar algum. Os últimos pensamentos passam em curtas frases longínquas que vão se esvaindo até não restar mais nada.
E agora sou verbo, sujeito e estado, presente, de modo indicativo, positivo e negativo, sou e estou aqui e lá, e, ao mesmo tempo, não sou e já não estou nem aqui e nem lá.

Deixo de pressionar as pálpebras para mantê-las fechadas e agora elas se mantém suavemente guardando os olhos da escuridão. Amanhecerá, sim, e elas tornarão a abrir-se, e o que tem sido já não é mais, e o que interessa a partir de agora é o que será, amanhã!